Vacinação evita brucelose, que causa queda da produtividade e prejuízos

A brucelose é uma doença altamente infecciosa entre os bovinos, e pode chegar aos humanos pelo consumo dos produtos de origem animal, como carne e leite.

Ela não tem cura, mas pode ser prevenida por meio da vacina, que auxilia para que os casos não se propaguem.

A brucelose gera impactos importantes na produtividade, causando perdas financeiras significativas.

Os casos de brucelose elevam as taxas de aborto em 15%, além de a doença ser responsável por 20 a 25% de perdas na produção de leite.

“A brucelose é uma doença muito importante, causada por bactérias do gênero Brucellas, que atingem, especificamente, os bovinos, através da Brucella abortus. Por ser uma zoonose, pode ser transmitida aos seres humanos através da carne crua e do leite contaminado, que não passou por um processo específico de tratamento”, explica a estudante de veterinária, que integra a equipe da Nutrimais Saúde Animal, Beatriz Martins.

A transmissão da brucelose entre os animais se dá pelo contato da bactéria com os olhos, nariz, boca e outras mucosas.

“É comum que ela seja transmitida através do parto, pelo abortamento desses animais contaminados. Quando a mãe vai lamber o bezerro também há risco de contaminação caso aja a presença da doença. E na inseminação artificial, quando tem o agente infeccioso no sêmen. No coito natural, a chance de transmissão dessa doença é praticamente nula”, pontua Beatriz.

Brucelose

É considerada uma doença endêmica, que se manifesta em determinadas regiões, mas atualmente há um controle, onde o numero de casos segue dentro do esperado.

A estudante de veterinária conta que o prejuízo econômico gerado pela brucelose se dá “por conta do aborto, da diminuição na produção de bezerros, do aumento de intervalo entre partos de uma vaca, da diminuição na produção de carne e de leite e pela desvalorização comercial da fazenda e dos animais infectados.”

Por isso é preciso ficar atento aos sintomas, sendo que os mais comuns são:

Em fêmeas

  • Retenção placentária;
  • Abortos, em especial no terço final da gestação;
  • Nascimento de bezerros fracos e/ou prematuros;
  • Repetição de cio;
  • Corrimento vaginal;
  • Endometrites, que é uma inflamação do endométrio, a camada que reveste o útero;
  • Mastite;
  • Queda na produção de leite; e
  • Infertilidade permanente ou temporária.

Em machos

  • Orquite, que é a inflamação aguda dos testículos;
  • Bursite e artrite, que são problemas na articulação; e
  • Infertilidade e esterilidade. 

Em humanos

  • Febre;
  • Dores articulares;
  • Mal-estar;
  • Sudorese noturna, calafrios e fraqueza; ou seja, são sintomas inespecíficos que dificultam o diagnóstico.

“Após o parto ou o aborto, as bactérias são eliminadas do útero, mas o animal ainda continua portador da doença, indefinidamente. É fundamental realizar exames para avaliação e diagnóstico. Os animais com essa doença devem ser descartados imediatamente, logo após a notificação da agência de defesa animal”, alerta Beatriz.

Os testes de triagem utilizados para diagnóstico da brucelose em bovinos são o antígeno acidificado tamponado (AAT) e o teste do anel do leite (TAL). Em casos positivos, são indicados exames complementares.

Vacinação e prevenção da brucelose

Para controlar os casos, o Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, implantou, em 2001, o PNCEBT – Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal.

“A vacina é uma dose única, dada somente nas fêmeas do rebanho. E existem dois tipos: a B19, para bezerros entre três e oito meses; e a RB 51 em vacas adultas. Por se tratar de uma doença sem cura e altamente infecciosa, a proteção é medida obrigatória para o rebanho, devendo ser comprovada por atestado expedido e assinado por um médico veterinário”.

Também é necessário fazer uma marcação na face lateral esquerda dos bezerros que tomaram a dose da B19.

“É marcado o ultimo algarismo do ano no qual foi tomada a dose. Por exemplo, se a dose foi dada em 2022, vai ser marcado o número dois na face lateral esquerda desse bezerro. No caso da RB 51, é marcado na face lateral esquerda da vaca, a letra V”, conclui a futura veterinária.

Junto com o controle vacinal, é necessário ficar sempre atento ao rebanho, especialmente quando novos animais são inseridos.

Existem vários relatos de casos de brucelose que chegaram a uma determinada propriedade por conta de um novo animal que estava infectado.

Para evitar à contaminação, a dica é fazer um teste nos animais que forem adquiridos, antes mesmo que entrarem na propriedade.

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Estando negativos, eles podem ser levados para sua propriedade, mas o ideal é que fiquem em quarentena, e depois passem por um novo teste, antes de entrarem para o convívio.

Para os humanos, não existe vacina contra a brucelose. Entre as precauções, para quem lida diretamente com os animais, o indicado é fazer uso de luvas, máscaras, calça e camisas de manga longa.

Já quem não tem contato com os animais, pode se prevenir da brucelose não ingerindo produtos feitos a partir de leite cru, e nem carne mal passada.

Fontes: Nutrimais; Milk Point; Canal Agro; e Prodap.

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