Quando as doenças reprodutivas atingem os bovinos, os prejuízos podem ser enormes. Isso porque, além de causarem perdas gestacionais, podem dificultar novas gestações.
A preocupação é grande porque doenças reprodutivas podem levar também a um maior intervalo entre partos, além do nascimento de bezerros fracos ou natimortos.
Essas consequências, além de serem um problema para o pecuarista, também impactam o rebanho, que acaba sentindo essa dificuldade reprodutiva.
Isso sem falar no quanto pode impactar financeiramente a propriedade, ainda que ela seja de grande porte, porque se a doença se espalha entre as matrizes a renovação do rebanho fica comprometida.
Conheça as principais doenças reprodutivas que causam perdas gestacionais e como elas costumam se apresentar:
- Leptospirose Bovina – é uma doença bacteriana registrada de forma mais frequente em locais onde existe excesso de umidade ou nos períodos em que a umidade é comum, podendo estar presente por até 180 dias.
Atinge o aparelho reprodutivo provocando aborto, natimorto e nascimento de bezerros fracos.
A doença pode se espalhar pelo rebanho através da urina e secreções, seja de forma oral ou cutânea.
- Diarreia bovina a vírus (BVD) – causado por um vírus da família Pestivírus, leva a um quadro de Doença das Mucosas, onde a infecção se dá por inalação, via oral ou da mãe para o feto, através da placenta.
Fetos contaminados entre 50 e 120 dias de gestação podem morrer, ou nascer já com a infecção e disseminar o vírus pelo rebanho.
Bezerros recém-nascidos precisam de cuidados para se desenvolverem
- Brucelose – doença bacteriana bastante conhecida, transmitida via oral e genital.
Como ela é crônica e tem sintomas que se confundem com outras patologias, as vezes o diagnóstico demora.
Com o passar das gestações, o risco da vaca doente abortar diminui, dificultando o diagnóstico de casos entre o rebanho.
O problema é que, ainda que a taxa de aborto tenda a reduzir com o passar das gestações, vacas jovens correm risco elevado de perdas.
Já em fêmeas de muitas gestações, os bezerros apresentam maior risco de nascerem fracos ou com baixa viabilidade de sobrevivência.
- Neosporose – causada por um protozoário, pode ser transmitida de forma vertical (pela placenta) e horizontal (pela ingestão dos oocistos de Neospora).
Lugares onde há o controle da brucelose têm a neosporose como principal causa de aborto entre bovinos.
Além das taxas altas de aborto, esses animais doentes apresentam diminuição da produção de leite e maior descarte e necessidade de reposição dos animais.
- Campilobacteriose – causada por bactéria, quando atinge fêmeas, leva a danos se for o início da gestação, que vão de alterações no desenvolvimento embrionário, até a morte e reabsorção embrionária.
A consequência são falhas na fertilidade, sendo que após a contaminação, as bactérias se multiplicam na vagina e depois atingem o útero e as tubas.
O boi é o principal disseminador da doença, pois a transmissão é realizada via cópula.
- Tricomoníase – causada por protozoário pode provocar inflamações na vagina, cérvix e útero, causando aborto quando a vaca está na fase inicial da gestação ou levando a repetição de cio.
Matrizes contaminadas eliminam o agente por um período de aproximadamente oito semanas, através do muco cervical.
Nessa fase, ela raramente emprenhará, o que pode servir como sinal de alerta para o produtor. O reprodutor é assintomático, disseminando o problema sem que se perceba.
Como evitar as doenças produtivas e perdas gestacionais?
Existe uma taxa de aborto comum entre os rebanhos bovinos, de cerca de 3%. Se ela superar esse número é motivo de preocupação na propriedade.
A partir desse alerta é preciso investigar se o motivo dessas perdas gestacionais, são as doenças reprodutivas.
A prevenção de uma parte delas se dá pela vacinação, além de um correto manejo.
Manter uma rotina de exames nas principais matrizes e reprodutores, antes de iniciar a estação de monta ou inseminações, também é uma boa alternativa.
Quando o rebanho já foi infectado, a dica é fazer o monitoramento, acompanhando a taxa de perdas e, com o auxílio de profissionais da saúde animal, traçar estratégias para controlar o problema e reverter a situação.
Fontes: Instituto Biosistêmico; Milk Point; Revista Veterinária; Shop Veterinário