A hipocalcemia é um problema que atinge as vacas, em especial as leiteiras, gerado pela baixa de cálcio no organismo.
Muitos pecuaristas a conhecem como febre do leite, que é seu nome mais popular.
“A hipocalcemia acaba trazendo grandes prejuízos para toda a cadeia produtiva, pensando que ela está relacionada com uma queda muito brusca, e muito rápida, do cálcio em vacas leiteiras, principalmente no momento do parto e também no início da lactação”, destaca a zootecnista da Nutrimais Nutrição Animal, Bruna Gasparini.
A baixa do cálcio faz com que a vaca tenha dificuldades para levantar, ou se manter de pé, pois a falta do mineral acaba prejudicando as funções dos seus nervos e músculos.
“No momento em que a vaca inicia o trabalho de parto, ela acaba desencadeando uma necessidade, uma demanda muito alta de cálcio, principalmente pelas contrações musculares e uterinas, com o objetivo de expelir esse bezerro para fora”, explica Bruna.
A zootecnista pontua também que, se essa vaca é muito produtiva, existe uma possibilidade alta dela apresentar problemas.
“Na medida com que temos a necessidade dessa demanda de cálcio, para realizar a contração muscular do útero, essa vaca precisa retirar o cálcio do sangue. Porém essa retirada de cálcio acontece de uma forma lenta, então todo o mecanismo de ativação dessa retirada é um processo lento, por isso que é muito importante uma preparação dessa vaca no momento do parto”, aconselha.
Mas o processo que pode levar a uma hipocalcemia segue mesmo depois da finalização do parto.
“No momento em que a vaca pariu o bezerro ela vai produzir o colostro, que também tem grande necessidade, grande demanda, de cálcio, então é aí que acontece a famosa “vaca caída”, como alguns chamam o processo da hipocalcemia, já que o animal não tem forças para se levantar”, exemplifica Bruna.
O mais comum é que a hipocalcemia se apresente até 72 horas após o parto, os sintomas variam de um animal para outro, de acordo com o estágio que ele se encontra, sendo que os mais comuns são:
Nessa fase da hipocalcemia o cálcio tem valores entre 5,4 e 4 mg/dL com o animal não conseguindo ficar de pé, se mostrando apático, sonolento e mantendo até mesmo a cabeça no chão.
Há uma perda de consciência, com baixa de pulsação e entre 60 a 70% dos animais que chegam a esse estágio acabam perdendo a vida.
“Uma alternativa para o tratamento dessa hipocalcemia é entrar com uma reposição de cálcio através de gluconato de cálcio. Existem vários medicamentos disponíveis no mercado para fazer essa reposição,lembrando que essa aplicação deve ser feita de forma intravenosa e lenta, para trazer essa eficiência no tratamento”, conclui a zootecnista da Nutrimais Nutrição Animal.
Alguns estudos apontam que entre 40% e 50% das vacas apresentam alguma deficiência de cálcio, mas como essa falta é baixa, nem acaba sendo percebida.
Já a hipocalcemia, de fato, atinge entre 3% e 15% do rebanho brasileiro, sendo mais comum em vacas a partir da terceira cria, devido a menor reabsorção óssea de cálcio.
Como forma de prevenir a hipocalcemia uma dica é reduzir o fornecimento de cálcio aos animais, por um período antes do parto, além de investir na chamada dieta aniônicas.
Essa dieta deve começar a ser oferecida entre 21 e 10 dias antes do parto, de acordo com a escolha de cada profissional.
Quando se fala em uso de dieta aniônica para reduzir o risco de hipocalcemia, ela auxilia na ativação de mecanismos que aumentam o cálcio no sangue.
Composta por mais ânions do que cátions, que são os eletrólitos da dieta, quando ela traz uma carga mais negativa é considerada aniônica.
Lembre-se sempre que, qualquer protocolo de tratamento ou prevenção que atue sobre a saúde dos bovinos deve ser orientado e acompanhado por profissionais capacitados.
Fontes: Nutrimais; Prodap; Rehagro; e Revista Agropecuária.