Uma das novidades esperadas para 2022 é a possibilidade de fazer o rastreamento dos bois pelo seu focinho, que é sua impressão digital.
“Através de pesquisas, empresas descobriram que o focinho é a impressão digital do boi. O focinho tem características morfológicas singulares que se mantêm inalteradas durante todo o ciclo de vida do animal. Com isso, uma startup está desenvolvendo um aplicativo de biometria animal, com 93% de precisão, para substituir brincos, chips e marcações a ferro”, explica a gerente comercial da Nutrimais, Andressa Vieira.
Ela acrescenta que “esse algoritmo de inteligência artificial será apto para formar uma identidade única e permanente do animal, usando uma fotografia do celular”.
Essa possibilidade de identificar o boi pela sua impressão digital será muito positiva para a cadeia produtiva da pecuária, já que a falta de rastreamento provoca uma série de problemas para pecuaristas, bancos, frigoríficos e seguradoras.
Ações como vistoria de propriedades rurais, com o objetivo de monitorar tanto rebanhos segurados quanto os usados como garantias em financiamentos rurais, serão facilitados.
E mais, no tocante aos frigoríficos, a impressão digital do boi garante a segurança de estar adquirindo gado rastreado e originário de fazendas livres de desmatamentos.
A pesquisa foi coordenada pela startup Databoi, que é a responsável pelo desenvolvimento do aplicativo, e teve a parceria do CPQD - Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações.
O trabalho conjunto concluiu que o focinho é a impressão digital do boi, porque assim como as digitais dos dedos humanos ele tem características únicas em cada animal, as quais não sofrem mudanças durante a vida.
O aplicativo é uma forma de usar essa descoberta, alinhada a uma pesquisa realizada pela ABMRA - Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio, que apontou que segundo o qual 61% dos produtores rurais têm acesso à internet, 96% possuem celular e 61% usam smartphones.
Então a solução para essa rastreabilidade dos animais era aliar a impressão digital do boi com imagens que possam ser feitas pelo celular, e acessadas com o auxílio da tecnologia atual.
Embora a pecuária seja um dos braços do agronegócio, ainda hoje não há um banco de dados preciso sobre quantos bois existem no país, ou mesmo em uma grande propriedade.
Com o uso desse algoritmo uma das possibilidades é acelerar o processo de digitalização da pecuária bovina no Brasil, com base na leitura dessa impressão digital do boi, que é o focinho.
Estima-se que, até o final do ano, o aplicativo já possa ser colocado em fase de teste e, em seguida, ser liberado para o uso comercial.
Com a novidade tecnológica, além de registrar a impressão digital do boi é possível mostrar o ponto de geolocalização, facilitando o controle ambiental.
A partir disso é feito um cruzamento de dados de georeferenciamento, que alia fontes públicas e privadas, facilitando assegurar o cumprimento das normas ambientais nas propriedades que utilizarem o aplicativo.
O sistema se torna mais seguro contra fraudes, pois com a imagem do focinho são usadas características únicas.
Toda tecnologia requer um investimento, mas os desenvolvedores dessa biometria animal garantem que o método será acessível, já que não cobra nada do pecuarista no processo de digitalização.
Dados sobre o animal como sua rotina de vacinas, possíveis doenças que já teve, que tipo de alimentação consome e em qual quantidade, qual a matriz e reprodutor que deram origem a ele, poderão ser acompanhados.
E com isso gerar métricas sobre ganho médio de peso e a produtividade do rebanho. Além da vantagem de ter tudo na palma da mão, facilitando um controle remoto da propriedade.
O agronegócio já tem visto esse movimento de aliar inteligência artificial, algoritmo e aplicados, para gerar uma gestão mais assertiva, que agora ela poderá ser empregada de forma mais efetiva para o controle da pecuária.
Usar a impressão digital do boi também é uma forma que garantir seu bem-estar, pois diferente das outras formas de controle, como chip, brinco e marcação com ferro, não é preciso aplicar nada para a identificação do animal, o que sempre gera algum desconforto.
Além da preocupação com uma melhor qualidade de vida dos bovinos, o mercado tem buscado produtos de origem comprovada, que sejam rastreáveis, e isso será facilitado pelo uso da impressão digital do boi.
Atualmente, a rastreabilidade dos bovinos, quando feita de forma individual, engloba menos de 5% do rebanho nacional.
Fontes: Nutrimais; Globo Rural; Canal Rural; Milk Point; Revista Oeste; e Digital Agro.